data-filename="retriever" style="width: 100%;">O temor de morrer é algo natural e saudável. Bem compreendido ele nos auxilia a valorizar a nossa vida. Já o medo da morte, advém de vários tabus criados sobre o tema, entre eles o apego exagerado às coisas terrenas, a falta de fé no futuro e a ignorância da realidade da vida após a morte do corpo físico.
A morte física é um processo relativamente simples. Todas as noites em nossos sonhos, realizamos um pequeno ensaio de desencarnação.
A morte definitiva do corpo físico, ocorre logo após a extinção das funções vitais. já a separação do nosso Espírito do corpo material ou seja a desencarnação é mais complexa, as sensações são infinitamente variáveis de ser para ser, por isto Chico Xavier, com sua calma e voz doce, repetia tantas vezes a frase "Morrer é fácil, mais complicadinho um pouco é desencarnar".
Através de milhares de testemunhos que chegam do mundo maior, pela mediunidade de irmãos obstinados em auxiliar a humanidade, a hora da separação da alma do corpo físico, para o espírito materialista e sem fé, é sempre difícil. Ele agarra-se a esta vida que lhe foge, como um náufrago desesperado se agarra aos destroços da embarcação que soçobra, levando consigo para o além túmulo os maus hábitos, necessidades e as preocupações materiais.
O materialista não podendo elevar-se acima da atmosfera terrestre, pelo peso dos seus apegos impregnados em seu perispírito, volta a compartilhar a vida dos seres ainda encarnados, tenta intromete-se nas suas lutas, trabalhos e prazeres, e muitas vezes se torna joguete de espíritos malévolos. A impossibilidade de satisfazer os seus desejos terrenos torna-se, para ele, causa de um suplício sem fim.
Pacífica, resignada mesmo, é a morte daquele ser de moral elevada, que lutou o bom combate, com a consciência tranquila do dever cumprido, e muito bem amparado por espíritos superiores, deixa a Terra confiante no futuro. Para este, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraquecidos que ligam à matéria, destacam-se docemente libertando seu Espírito; sua perturbação não passa de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono seguido de um sereno despertar.
Se temos à nossa frente uma prova que é inevitável e absolutamente certa , esta é a do nosso desencarne! Um gesto de sabedoria da nossa parte, é viver bem para nos preparar bem para ela.
Mas o que é, afinal, viver bem? A melhor definição que encontrei de viver bem estão nas palavras de Chico Xavier. Vejamos:
"Cada um de nós constrói a vida que deseja. Nossos pensamentos são a base da estrada que vamos trilhar. A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros. A vida é dom de Deus, e quem serve só para si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, se elevar moralmente, integrar-se. Aprendamos a serenar o nosso espírito, praticar o perdão e com gratidão, entregar o melhor de nós à vida que nos rodeia e a vida nos fará receber o melhor dela própria."
O espiritismo retira o aspecto lúgubre da morte, nos prova que ela simplesmente não existe e a medida que nos esclarece nos conforta, dando fortaleza de ânimo para compreender que viver bem, sem perder oportunidades de praticar o bem a cada dia, combatendo os nossos maus hábitos, é a maior certeza de um desencarnar leve e sereno.
A educação para a morte, portanto, não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir, fazer o bem e transcender."
Cuidemos do nosso corpo físico como se fôssemos viver para sempre. Cuidemos da nossa alma como se fôssemos partir amanhã.
Texto: Jorge Brandão
Empresário e escritor espírita
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